Móveis na calçada e a educação no buraco
Nos últimos dias, duas escolas importantes da rede municipal de ensino foram despejadas dos imóveis onde funcionavam. A cena é triste. Móveis nas calçadas e alunos sem aula, representam a imagem do descaso e do abandono do sistema público de ensino, que neste governo é reprovável em todas as suas instâncias.
Pior é que a desculpa dos seus dirigentes é tão lamentável quantos os seus próprios atos à frente da gestão da pasta.
A secretária municipal de Educação, Marlúcia Rocha, indicação do PCdoB, explica que a falta da documentação necessária para receber pagamentos de órgãos públicos teria impedido que a Secretaria de Educação (Seduc) de Ilhéus quitasse parcelas referentes a alugueis de dois imóveis onde funcionavam as escolas municipais Pequeno Príncipe, no bairro da Conquista, e do Salobrinho.
A professora ressalta que o município nunca se opôs aos pagamentos, porém, não pôde realizá-los devido ao não fornecimento de certidões negativas por parte dos proprietários dos prédios, a Paróquia Santa Rita, no caso da Conquista, e Paróquia de São José, no Salobrinho.
A desculpa não cola.
Há pelo menos dois erros cruciais que precisam ser ressaltados na fala da nobre secretaria.
Primeiro: quando qualquer órgão público aluga um imóvel, é fundamental exigir do proprietário todas as documentações que comprovem a legalidade do processo. E isso não se faz no ato do pagamento do aluguel. Faz-se muito antes, no ato do fechamento do contrato. Se assinado pelo gestor anterior, que corriga-se o erro.
Segundo, se o imóvel não apresenta condições legais de uso, não se passa calote. Procura-se um outro lugar e troca-se o equívoco pela legalidade.
Estamos em maio.
O ano letivo de Ilhéus que mal começou (quase no meio do ano), não consegue deslanchar.
A educação promovida por uma secretária que "doa" apenas parte do seu tempo a organizá-la (a professora Marlúcia trabalha um turno na Universidade Estadual de Santa Cruz) e é avalizada por um político profissional que um dia já foi professor dedicado, infelizmente, é tratada com desdém.
E é importante lembrar: O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.