Ilhéus vivencia iniciativa inédita no Brasil para debater futuro da avenida

Iniciativa é inédita no Brasil
Maurício Maron

Uma iniciativa inédita no Brasil abriu hoje a nona audiência pública que debate o futuro da avenida Soares Lopes, um dos principais cartões postais de Ilhéus. O Coletivo Delibera Brasil, uma organização que trabalha com uma forma democrática de atuação nas decisões de pautas políticas do país, de comunidades, cidades e bairros, fez, ao vivo, o sorteio de 36 nomes de cidadãos e cidadãs de Ilhéus, que passarão a formar o minipúblico que opinará com propostas o olhar de toda a cidade sobre a orla central de Ilhéus.

“O momento é histórico por que é primeira experiência do minipúblico com o poder público no Brasil”, destaca a representante do Delibera Brasil, Carolina Nascimento.  Mil cartas, cerca de 43 em cada bairro, foram enviadas pelos Correios e 129 pessoas que demonstraram interesse, responderam à iniciativa. O sorteio online de hoje selecionou 36 destas pessoas, garantindo critérios de diversidade do bairro, idade, gênero e escolaridade, que farão parte do minipúblico. As primeiras escutas ocorrerão nos dias 20, 27 e 28 de novembro, no auditório da APPI/APLB, no Malhado.

Educação

A temática de audiência de hoje - a nona realizada pela Comissão da Avenida na Câmara - foi Educação. Presidente do Conselho Municipal de Educação, professor Osman Nogueira lembra que debater a Soares Lopes deva ser um compromisso de toda a sociedade. “A área sofreu grandes transformações. Hoje é espaço feio, pra o tempo que vivi e olho hoje, um espaço de mato, pouco aproveitado”, lamentou. Para o líder sindical, é preciso oferecer espaço de lazer e cultura, “porque quando se fala nestes temas a gente chega à educação”, justifica. Osman destaca que é preciso dar um direcionamento, pois a avenida Soares Lopes não pode ser um local sem lei.

Presidente da Comissão da Avenida, o vereador Vinícius Alcântara (PV) explica que a ideia destas audiências é construir uma ampla escuta com sociedade civil, instituições, iniciativa privada, poder público, para gerar um relatório final contendo as contribuições que inspirem o poder executivo a executar um projeto na praia da avenida.

Transitável e limpa

Professor de uma escola particular instalada na artéria, Sebastião Maciel diz que a culpa da situação da avenida “é de todo mundo”. Para ela, a avenida precisa voltar a ser transitável, limpa e fiscalizada, especialmente pela sociedade, que cuide dela como um cartão-postal. “Uma turista me perguntou por onde vai à praia da avenida? Respondi: não aconselho a senhora ir. A avenida se tornou espaço comercial mas em determinados momentos há espaços que não devem ser transitados”, lamentou.

Dono de uma escola de inglês, José Moraes, defende categoricamente que a avenida tenha que ser um local público. E não privado como se desenha hoje. “O que é preciso é começar a fazer primeiro, coisas simples. Ideias mirabolantes não funcionam”, opina. Dirigente da APPI, a professora Maria das Graças lembra que há uma quantidade significativa de escolas públicas e privadas no entorno e há de ser pensados para a avenida, espaços que possam ser ocupados pelos estudantes, tanto como opção de lazer, quanto de apoio às práticas educacionais.

“No processo de urbanização é preciso oferecer áreas de lazer, expandir uma experiência que tá dando certo que acontece em frente à praça da Irene. Temos alí um movimento alimentício e de lazer durante os finais de semana e isso precisa ser levado para toda a extensão da Avenida Soares Lopes”, destaca Iltana de Oliveira, professora da área de Gestão Ambiental de uma universidade particular. “É importante construir uma coisa que quando a gente passe se sinta pertencente àquele lugar”, reforça o professor Leandro de Assis, docente da disciplina de Planejamento Urbano do IFBa.

Para a vereadora Enilda Mendonça (PT), membro da comissão, em todas as audiências sempre há uma unanimidade: o sentido da convergência. “A avenida é um espaço onde a população se encontra, seja para trabalhar, se alimentar ou se divertir. O que nós queremos é discutir, por que não somos executores. Nosso movimento é de escutar a sociedade, democratizar o debate e sair desta missão com um relatório que represente o posicionamento da população sobre o que deve ser feito com este espaço”, finalizou.