Pesquisadores baianos desenvolvem prótese para pacientes amputados

Projeto acontece em Jequié
GOVBa

A curiosidade de um estudante na busca por melhorar a qualidade de vida de pacientes amputados que conheceu durante o estágio no departamento de enfermagem levou à criação de próteses automáticas de baixo custo. Tulio Calil, que cursa sistemas de informação na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em Jequié, e Mitale Barbosa, enfermeira, estão à frente do projeto que foi inspirado no gosto por filmes, séries e animes. O protótipo funciona através de um leitor de impulso nervoso conectado no antebraço da pessoa, que interpreta, comandos e converte em posição para a prótese.

De acordo com o estudante, a iniciativa é voltada para ajudar as pessoas que não tem condições de pagar pelas próteses disponíveis no mercado atualmente. “Nosso produto é feito de sucatas como PVC, nylon e correntes de bike. O diferencial no material permite a possibilidade de utilizar tecnologia acessível e itens reciclados ou de menor custo para construir as próteses e vender por um preço mais acessível”, explicou.

O protótipo tem um viés social e através da tecnologia busca desenvolver soluções acessíveis em programação. “Para um indivíduo com membro amputado ter a mínima chance de realizar ações cotidianas como segurar um copo, caneta ou abrir uma porta, esse projeto é um divisor de águas entre a desesperança e a esperança. Isso melhora a autoestima, dá novas chances e consequentemente gera impactos psicológicos positivos”, destacou.

Atualmente, o trabalho está em fase de desenvolvimento e aprimoramento, com o apoio do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Software (CPDS) e do grupo de Pesquisa em Análise Cognitiva, Modelagem Computacional e Difusão do Conhecimento. “Tivemos a chance de expor o trabalho na Campus Party, que aconteceu em 2018, onde muitas pessoas puderam testar. Agora, esperamos poder remontar e encontrar materiais mais leves e resistentes, além de melhorar a estética. Outro item a ser trabalhado diz respeito à parte bioeletrônica, já que o membro precisa alcançar melhores níveis de calibração do impulso para torná-lo cada vez mais responsivo e exato”, concluiu.

Para dar andamento ao projeto, o estudante fez uma vaquinha entre os professores do curso de enfermagem da UESB. “Nossa professora Mariana Lacerda nos ajudou com a arrecadação e conseguimos comprar os materiais. O apoio do CPDS também foi decisivo na continuidade, permitindo desenvolver a segunda etapa da elaboração com a impressão da mão em 3D, motores mais fortes e peças mais adequadas ao uso”, ressaltou o jovem, que é orientado pela professora Claudia Lopes.