Economia
Queda na produção de sisal traz prejuízos para o setor agrícola na Bahia
O risco de perdas de 75% no plantio de sisal em decorrência da seca é uma situação que merece atenção, devido á importância do produto para a economia do setor agrícola nordestino. A análise dos diversos desdobramentos dessa situação é feita no programa Encontro com Gabrielli dessa semana, que está disponível para download no site www.facebook.com/encontrocomgabrielli.
A primeira preocupação destacada pelo economista e secretário do Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, é que o setor gera renda e emprego para um contingente de aproximadamente 800 mil pessoas, proporcionando divisas para os Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A Bahia é o maior produtor desta cultura, com mais de 95% da produção da fibra nacional. O cultivo se estende por 75 municípios, sobretudo, em propriedades de pequeno porte, nas quais predominam a mão de obra familiar, beneficiando uma população de cerca de 700 mil pessoas que vivem direta ou indiretamente em estreita relação com o sisal. Os maiores produtores da Bahia são os municípios de Santa Luz, Conceição do Coité e Valente.
“No nosso Estado, os efeitos da seca, que é considerada a pior dos últimos 50 anos, já afetava o pequeno produtor rural e, agora, começa a ser sentida por beneficiadores e exportadores da fibra”, ressalta Gabrielli. Em 2011, a Bahia produziu 70 mil toneladas de sisal, número que caiu para 48 mil, em 2012. A estimativa para este ano é de apenas 20 mil toneladas.
Algumas entidades, como a Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), vêm relatando dificuldades. Em um período normal, a Apaeb beneficia 120 toneladas de sisal por semana. Atualmente, o número não passa de 50 toneladas. Desde janeiro deste ano, a Associação fez estoque para garantir a produção, mas a lista de fornecedores está caindo.
“Quando analisamos a questão de modo detalhado, identificamos que a situação atual não é reflexo exclusivo do longo período de estiagem. Apesar da sua importância, o desempenho dessa cultura no Estado vem sofrendo, nos últimos anos, declínio na área plantada e na produtividade”, explica Gabrielli.
Os motivos, elenca, estão relacionados ao baixo valor pago pela fibra, que varia entre R$ 0,60 e R$ 1,30, a depender do tipo de produto, e a competição com os fios sintéticos. Outro fator apontado pelo secretário é o custo de produção e necessidade de modernização das máquinas para colheita.
Por outro lado, mesmo diante destas dificuldades, é preciso entender que o sisal continua sendo uma das poucas opções econômicas para a região semiárida da Bahia e do Nordeste”, alerta Gabrielli. “Por isso, é imprescindível garantir sua continuidade, realizar estudos e trabalhos capazes de estimular a expansão e promover o progresso tecnológico”, acrescenta.
“O Governo do Estado está fazendo a sua parte e atua em duas frentes para a modernização do setor: o financiamento para a construção de novas máquinas e pesquisas para aumentar o aproveitamento da fibra”, completa Gabrielli.