Simpósio debate tendências, avanços e legislação da cirurgia bariátrica
Quem pode se submeter a uma cirurgia bariátrica de acordo com a Legislação Brasileira? O procedimento traz benefícios no tratamento de pacientes obesos com diabetes mellitus? Avanços e tendências da Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Essas são algumas das questões que vão ser abordadas no 1º Simpósio de Cirurgia Bariátrica e Doença Metabólica, que acontece neste sábado, dia 20, das 8 às 12h30, no Pestana Bahia Hotel, em Salvador. O evento, promovido pelo Núcleo de Tratamento de Cirurgia da Obesidade (NTCO) sob a coordenação do médico Erivaldo Alves, é dirigido a profissionais de saúde. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. Informações: (71) 3235-1342.
Dentre os conferencistas convidados, dois nomes reconhecidos nacionalmente: o endocrinologista Bruno Geloneze (Coordenador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da UNICAMP e representante da América Latina no comitê do IDF (International Diabetes Federation); e o cirurgião bariátrico, Carlos Aurélio Schiavon, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
Obesidade e Síndrome Metabólica – Considerada uma doença crônica, multifatorial, progressiva e que pode causar a morte precoce, a obesidade resulta de um desequilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas e a quantidade gasta, causando acúmulo de gordura. A doença é reconhecida hoje como importante problema de saúde pública. Trata-se, segundo a Organização Mundial de Saúde, de uma epidemia global, decorrente de hábitos alimentares, sedentarismo e fatores genéticos. Segundo dados do Ministério da Saúde, 14,9% da população soteropolitana está obesa, sendo que 46,75% dos homens e 43% das mulheres da capital baiana estão acima do peso (sobrepeso). Quase metade da população brasileira está acima do peso e 95 mil pessoas morrem por ano no país em decorrência de doenças desencadeadas pelo excesso de peso.
A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo. Caracterizada por excesso de peso, gordura abdominal, pressão sanguínea alta, elevadas taxas de gordura e açúcar no sangue e niveis baixos do “colesterol bom”, o colesterol HDL, a síndrome aumenta a possibilidade de desenvolver doenças como hipertensão, diabetes e problemas cardíacos.
Além de abalar a autoestima e comprometer a qualidade de vida, o excesso de peso é responsável por causar ou acelerar o desenvolvimento de cerca de vinte doenças, dentre elas as doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono (parada respiratória involuntária durante o sono), esteatose hepática (acúmulo de gordura nas células do fígado), depressão, vários tipos de câncer, artropatias (doenças das articulações) e infertilidade e gravidez de risco nas mulheres, dentre outras.
Prevenção – Segundo o cirurgião bariátrico, Erivaldo Alves, diretor do Núcleo de Tratamento de Cirurgia da Obesidade (NTCO) e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a reeducação alimentar, uma dieta balanceada e a pratica regular de atividade física são as recomendações principais para prevenir o sobrepeso e a obesidade.
Atualmente, cerca de 20% das crianças brasileiras são obesas. A possibilidade dessas crianças chegarem à idade adulta com problemas de saúde é alta. O especialista também destaca a importância da prevenção da obesidade já desde a infância e da adolescência, nas escolas e nas famílias. “A alimentação e os hábitos de vida atuais colaboram para que cada dia seja maior a quantidade de crianças e adolescentes acima do peso. Uma alimentação saudável nas escolas e o estímulo a pratica de esportes e atividade física são essenciais”, explica.
Para determinar o peso saudável do corpo, é usado o Índice de Massa Corporal (IMC), um sistema de medição padrão. O IMC é calculado dividindo o peso (em quilos) pela altura (em centímetros) ao quadrado. As pessoas com um IMC acima de 25 são consideradas com sobrepeso. IMC acima de 30 indica obesidade. O índice normal é entre 18.5 e 25 e abaixo de 18,5 a pessoa é considerada abaixo do peso ou desnutrida.
Tratamentos – O tratamento para obesidade pode ser clínico através da reeducação alimentar, pratica regular de atividade física, medicação e terapia cognitiva comportamental. A adoção de metas realistas é uma das recomendações para quem pretende encarar uma dieta. Após a perda dos quilos indesejáveis, o grande de desafio é a manutenção do peso perdido. Estudos científicos comprovam que os pacientes obesos perdem peso quando mantidos em uma dieta restrita, mas que essa perda tende a ser revertida. Cinquenta por cento dos pacientes recuperam o peso perdido em menos de um ano, gerando o conhecido “efeito sanfona” e a grande maioria recupera o peso em cinco anos. Somente 11% consegue manter uma perda de 5 kg ou mais.
O tratamento cirúrgico é recomendado em casos específicos, quando o grau de obesidade ou de doenças associadas com risco de morbidade torna a cirurgia uma alternativa mais eficaz e resoluta.
O tratamento cirúrgico é feito através da técnica videolaparoscópica, que além de ser menos invasiva e mais segura que as cirurgias tradicionais, requer menos tempo de internação e de recuperação com volta mais rápida às atividades normais do paciente e menor risco de infecção hospitalar. Uma das técnicas mais avançadas para cirurgia bariátrica é o bypass gastrojejunal videolaparoscópico. A técnica é, atualmente, a mais utilizada no mundo inteiro e consiste na redução do reservatório gástrico, proporcionando a eliminação entre 75 a 95% do excesso de peso. A cirurgia também apresenta um alto índice de resolução das doenças associadas à obesidade, principalmente para os diabéticos.
Sobre o NTCO – Com dez anos de fundado, o Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade (NTCO) atua no tratamento clínico e cirúrgico da obesidade e suas comorbidades. O NTCO conta com equipe multidisciplinar com cirurgiões, endocrinologias, nutricionista, psicólogo, pneumologista, infectologista, educador físico e fisioterapeuta, oferecendo todo suporte necessário para uma abordagem integral do paciente.