A saÃda de LedÃvia e a campanha por Ocké
Ledívia Espinheira, ex-secretária de Saúde de Ilhéus, não pediu para sair. Foi, digamos, convidada a tomar esta decisão. Técnica avessa à intromissão de terceiros à pasta que comanda, Ledívia marcou sua passagem pela secretaria fazendo vereador "esperar a sua vez na fila" em dias de audiência e jamais permitiu que pessoas ligadas umbilicalmente ao prefeito Jabes Ribeiro, pudessem tomar decisões por ela, como fazem em outras pastas do governo. Ledívia chegou a convidar um irmão do prefeito, sem nenhum vínculo visível com o governo, a deixar sua sala de trabalho.
Nos dias que antecederam seu "pedido" de exoneração, Ledívia teve ainda que conviver com uma manifestação silenciosa e mesquinha destas pessoas, que correram um abaixo-assinado entre dirigentes de clínicas, laboratórios e hospitais, pedindo ao prefeito Jabes Ribeiro a efetivação do ex-bancário Antônio Ocké na titularidade do cargo. Coincidência ou não, Ocké, hoje, é o interino, com a saída da secretária.
Por outro lado, as constantes viagens para Salvador, onde reside a família, teriam desgastado Ledívia. Corre nos corredores da secretaria, que sua atuação oficial na pasta ocorria entre terça e quinta, período muito curto da semana para recolocar no prumo um dos setores mais atingidos pelo descaso estabelecido há muitos anos e pela crise mais atual que tem deixado postos sem médico, sem medicamentos, sem serviços; que não tem feito hospitais funcionarem a contento e por aí vai.
Não temos medo de arriscar: a saída de Ledívia é um alívio para ela. Mas é também um alívio para o prefeito Jabes Ribeiro. Os dois vinham em rota de colisão e o que a sustentava no cargo era a força da sua indicação, feita pelo secretário Jorge Solla, o homem que tem a caneta na mão para atribuir destinos da saúde pública na Bahia.
O que a população espera, neste momento, é que o seu substituto faça fazer valer a máxima de que saúde pública é um direito do cidadão e um dever do estado. E que não se permita a ocupar o cargo oferecendo a sua cadeira e a sua mesa à serviços e operações que nada trazem de bom à sociedade.