O pintinho amarelinho e o gavião

Amontoados
Divulgação

A música fez sucesso num programa de auditório na TV e ainda é bastante conhecida do público infantil. “Meu pintinho amarelinho Cabe aqui na minha mão (na minha mão). Quando quer comer bichinhos, com seus pezinhos ele cisca o chão. Ele bate as asas, ele faz "piu-piu!", Mas tem muito medo é do gavião”. Ingênua e dançante o texto da música se refere no final a um algoz, o gavião. Pois bem. Hoje, já nem são mais os gaviões que preocupam tanto os pintinhos amarelinhos, rosinhas, verdinhos, e por aí vai. Na verdade, o perigo vem de outro animal.

A compra de inofensivos e coloridos filhotes de galinha ou pintinhos esconde uma ação, no mínimo, perversa. É aquela velha estória de que quando achávamos que não havia mais o que inventar, ou melhor, vender, eis que surge mais uma novidade. Novidade essa que agrada em cheio os vendedores e as crianças, que são logo atraídas pelo “novo produto”.  Enquanto que os vendedores conseguem lucrar com uma mercadoria de poucos investimentos, a criançada entra em alvoroço e quer levar um de cada cor. Só que não.

A moda de vender pintinhos chegou com força, e foi vista primeiro em Itabuna, e em seguida nas áreas importantes comerciais de Ilhéus. Na entrada do bairro Nelson Costa, ao ver uma caixa cheia de pintinhos coloridos e dois deles mortos, devido ao calor, uma senhora questionou: “Tanto brinquedo pra dar a uma criança e povo pega os pintinhos e os colocam nessa situação?”. A situação na qual a senhora se refere é a desrespeito. Muitos deles ficam amontoados em caixas, e por muito tempo sem beber ou comer, à espera do seu novo dono. No município de Barra do Choça, um caminhão cheio desses animalzinhos foi apreendido pela Adab na semana passada. Eles tinham apena um dia de vida e eram vendidos a R$ 2,50, cada.

A crítica não é direcionada aos vendedores, e sim aos que tiveram a “brilhante” ideia de vender animais usando tinta tóxica, colocando a vida deles em risco, à medida que podem ficar cegos ou com problemas e respiratórios, vindo a morrer antes mesmo da criança, que tanto pediu ao pai para comprar o bichinho, não ter tempo de mostrá-lo aos amiguinhos. E a questão gira em torno dos maus tratos em animais. O que no Brasil é crime.

Aliás, uma ação muito mais afetuosa para os que buscam alegrar seu lar com a chegada de um animalzinho é a adoção. São dezenas de animais abandonados e que podem receber o carinho de uma nova família. Basta procurar uma associação que cuide de animais abandonados ou as Feiras de Adoação. Tudo bem, que não se compara o tamanho do bichinho. O pintinho é menor e à primeira vista, pode dar menos trabalho. Porém, é um animal. E todo animal, seja de que tamanho for, merece carinho, respeito, atenção, e não ficar amontoado e nem ser pintado com tinta tóxica, só pra fazer gracinha.