Lançadas diretrizes para ampliar educação inclusiva

A Bahia vai ampliar a inclusão de estudantes com deficiência
GOVBa/Alberto Coutinho

A Bahia vai ampliar a inclusão de estudantes com deficiência. As orientações para melhorar a qualidade do serviço prestado pelos professores da rede estadual estão nas Diretrizes para a Educação Inclusiva do Estado da Bahia, lançadas pela Secretaria da Educação nesta sexta-feira (7), na Biblioteca Pública do Estado, nos Barris, em Salvador. A abertura do evento incluiu um coral formado por pessoas com deficiência, acompanhadas por uma intérprete de libras, que levou poesia para a comunidade de surdos.

Na ocasião, o secretário da Educação do Estado, Walter Pinheiro, a iniciativa marca um trabalho que já tem sido realizado pelo Governo da Bahia. “Nós temos um conjunto muito bem consolidado. Temos gente com expertise e várias experiências. Em Ondina, por exemplo, vamos ter um grande centro integrado de educação inclusiva e levar essa iniciativa para todos os territórios baianos. Assim, vamos conseguir trabalhar essas diretrizes em todas as escolas da rede estadual, além das escolas municipais, por meio de parcerias, para que essa política possa fluir”, destaca. 

O presidente da Federação das Associações de Pais e Amigos de Excepcionais (Apaes), Derval Freire, afirma que as pessoas alcançadas pelas diretrizes têm algumas especificidades que as fazem especiais. “Elas precisam ser atendidas nas especificidades físicas, visuais, auditivas e intelectuais. Cada um tem que ter um programa voltado para si, senão não há inclusão. O que está acontecendo aqui hoje é um marco, uma diretriz que vai nortear as instituições para lidar com a educação de pessoas especiais”.

Na rede estadual, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) está disponível para mais de oito mil estudantes com necessidades educacionais especiais. São 65 Salas de Recursos Multifuncionais (SEM), 12 Centros de Atendimento Educacional Especializado e seis instituições conveniadas. Os alunos são atendidos nas escolas da rede e nos Centros de Educação Especial, dentro de suas especificidades, para que possam participar ativamente do ensino regular. 

No ato da matrícula, a família pode escolher a escola de conveniência e a Secretaria da Educação providencia os meios para que o estudante acesse e permaneça na referida unidade escolar. Um exemplo de inclusão que tem dado oportunidade para muitas pessoas especiais encontrarem o seu caminho com mais acolhimento e professores capacitados é o Colégio Estadual Satélite, em Piatã, na capital baiana. Alunos com e sem necessidades especiais assistem aulas na mesma sala. 

A diretora da unidade, Adrina Mendes, explica que a educação inclusiva é um trabalho coletivo. “Nós temos uma sala multifuncional, onde damos o apoio a esses alunos. Os professores são capacitados e os outros estudantes entendem que essa é uma característica da escola. A gente naturaliza muito. É algo muito natural para a equipe”. 

A professora Ana Maria Ramos destaca a adequação do conteúdo à capacidade do aluno. “A gente tem que se adaptar, perceber quais são as habilidades de cada um e o que pode ser cobrado dele. Um aluno que tem deficiência visual consegue seguir, em termos de ensino regular, o que está no currículo. Em relação a um aluno autista, nós avaliamos a socialização e a absorção de atitudes. A ideia é perceber a mudança de comportamento, a interação com os colegas e com os professores”. 

Resultados e sonhos - Os gêmeos Tiago e Diego Almeida Santos, 23 anos, têm deficiência visual e estão na escola há seis anos. O sonho de Tiago é cursar psicologia para “estudar o comportamento humano. Estou tendo acompanhamento psicológico e me interessou muito. Fui pesquisar e é isso que eu quero para mim. Vou seguir essa carreira. Estar estudando aqui nesta escola, com ensino inclusivo, é a oportunidade para que eu possa conquistar este objetivo”. 

Os resultados alcançados com a educação inclusiva são comemorados por Zeneide Conceição dos Santos, mãe de Davi, que também está há seis anos no Colégio Satélite. “Outras escolas não o aceitaram por causa da condição dele. Aqui, ele foi acolhido e melhorou bastante. Foi o lugar onde ele mais cresceu. Os professores, alunos e funcionários cuidam muito bem dos nossos filhos. Ele aprendeu a ler e a escrever. Antes, ele não fazia nada”, afirma.