Manifestação da Greve Geral teve momentos tensos em Ilhéus

Lideranças e trabalhadores ganharam as ruas
Maurício Maron

Nas primeiras horas da manhã, o clima da paralisação em Ilhéus começou preocupante. Manifestantes entraram em confronto com Policiais Militares ao tentarem interditar a rodovia Ilhéus-Itabuna, nas imediações a entrada do bairro Teotônio Vilela. Uma pessoa ficou ferida com um tiro de bala de borracha e foi detida. O jovem manifestante é filho de um oficial da própria PM. Às oito da manhã, os lojistas surpreenderam. Começaram a abrir livremente os estabelecimentos da avenida Itabuna, Malhado e Centro. Mesmo sem transporte coletivo os trabalhadores compareceram e o sentimento dos líderes do movimento grevista era de que a manifestação perderia força. Mas não foi o que aconteceu.

Dezenas de lideranças sindiciais e jovens estudantes de Ilhéus iniciaram uma ação para o fechamento das lojas e a liberação dos trabalhadores. A maioria acatou, mesmo protestando contra a pressão dos sindicatos. Alguns incidentes foram registrados no centro. Uma bomba estourou dentro de uma lanchonete. Não local havia clientes mas ninguém ficou ferido. O caso mais grave oorreu na rua Dom Pedro II. Um empresário identificado como Nelson "Gaúcho", dono de uma corretora de imóveis, foi acusado pelos manifestantes de puxar uma arma para evitar que o manifesto chegasse à sua porta. A PM foi acionada e depois de controlada a situação, o empresário foi levado para a delegacia.

Em virtude da greve geral nacional o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre Sousa, já tinha assinado ontem pela manhã um decreto municipal que suspende o expediente nesta sexta-feira (28). Foram mantidos em funcionamento apenas os serviços considerados essenciais nos setores da saúde, limpeza pública, iluminação, trânsito e segurança. O decreto também suspende as aulas da rede municipal, visando garantir a segurança e a integridade os alunos. O prefeito de Ilhéus ainda informou que, posteriormente, sua equipe irá negociar com os sindicatos a reposição da aula suspensa, sem prejuízos aos estudantes.

Em entrevista numa emissora de rádio, o secretário de Comunicação da Prefeitura, Alcides Krushewsky, disse que do ponto de vista institucional, não é papel da prefeitura exercer pressão sobre o direito de greve. “O governo não vai pressionar nem cortar o ponto dos servidores”, declarou.