Operação deve ter segunda fase, mas ganha críticas de ex-prefeito e advogado

Jabes solidário aos ex-secretários e crítico ao MP
Arquivo

Uma nova etapa da Operação Citrus poderá ser deflagrada nos próximos dias, com a prisão de novos denunciados. Grampos realizados a pedido do Ministério Público teriam a citação de outras autoridades políticas locais que não foram detidas provisoriamente na primeira fase da operação. Ontem a juíza Emanuelle Vita, da primeira Vara Criminal de Ilhéus, não aceitou o pedido de liberdade de cinco dos seis presos. Apenas o contador Lucival Bonfim Roque foi liberado após audiência de custódia.

Dois dos indiciados na operação  foram secretários do ex-prefeito Jabes Ribeiro. Em São Paulo, em tratamento contra um câncer de próstata, Jabes concedeu, por telefone, entrevista ao radialista Gil Gomes, criticando a "Citrus". Prestou solidariedade a Jamil Ocké e a Kácio Brandão e disse que as imagens dos dois algemados o chocou profundamente. O ex-prefeito questionou o Ministério Público pelo fato de o órgão não ter sequer alertado a prefeitura sobre os indícios de malfeitos, já que a investigação começou em dezembro de 2015.

Advogado de Kácio Brandão, Sânzio Peixoto também criticou a operação. Em entrevista concedida ao programa de rádio O Tabuleiro, Sânzio disse que a prisão temporária é prevista em lei de 1989. "Na minha opinião, ela está em desacordo com a Constituição, porque prevê o procedimento de prisão para investigação, prender para investigar. Mas, na verdade, a regra constitucional é a liberdade. Primeiro investiga; se encontrar subsídios ou provas de que a pessoa investigada cometeu crime, aí você prende se a liberdade dela oferecer risco”, disse.

Na avaliação do advogado, todas as provas poderiam ter sido coletadas sem a prisão dos investigados, apenas com os mandados de busca e apreensão. “É uma prisão meramente intimidatória para ferir a imagem dos investigados. Infelizmente, hoje é regra no país, a prisão para ferir a imagem do investigado”, lamentou.