A inveja, madrasta do sucesso, por Alcides Kruschewsky

A Vingadora
Divulgação

É visível o incômodo causado pelo sucesso da Vingadora com sua "Metralhadora". A música é o hit do carnaval, disparadamente, dando um banho de preferência na "chapinha" de Bel ex chiclete e para sempre grudado à goma de mascar.

O fato é que o tal Paredão Metralhadora é filha dos "besteiróis" medíocres das boquinhas da garrafa e lepo-lepos dos Tchans da vida, com a terrível pecha de não ter nascido na capital. O que mais causa espécie é ver os comentários preconceituosos ganharem espaços, principalmente entre pseudointelectuais que vibram com a rechaça que a cantora vem sofrendo, virulentamente.

Ao contrário de atingirem o objetivo de distanciar o hit do público, terminam dando mais publicidade à "obra".

Esses mesmos "FILHOS DOS CARNAVAIS" não tiveram coragem de fazer isso com Lepo-Lepo e outros, certamente temendo as rotulações que adviriam da merecida crítica.

Acontece que carnaval é o escracho, o esculacho, o bizarro, o incomum, o inusitado, o luxo da cafonice. E nisto, a música se encaixa perfeitamente. Portanto, se tem uma época própria para se lançar criações como "Metralhadora", nenhuma ocasião é melhor do que o carnaval.

No fundo, nós do interior, em grande maioria, estamos em regozijo, até mesmo porque, pelo menos de vez em quando, queremos sentir o prazer, o gostinho de dar 1 X 0 na turminha da capital; nós que apanhamos tanto, que somos tão preteridos, esquecidos e postos de lado, bem lá atrás em tudo, depois de depois...

Assim, de duas cidades importantíssimas do sul da Bahia, do mix de Ilhéus e Itabuna, surge a percepção e comprovação de que dá pra fazer música de carnaval, no mesmo nível dos "queridinhos da capital" que , inclusive, levam os rodos de dinheiro dos baianos, também do interior, cantando esses troços por lá e por aqui.

Não é legal ficar tratando do assunto sob esse prisma, mas não fomos nós que provocamos esse clima.

Enquanto os Bels, Saulos e coleguinhas, não digerirem que uma menina do interior foi à capital e, lá dentro do campo deles, na vitrine deles, deu de goleada nos "grandalhões", continuarão sentindo e causando mal estar. A Vingadora vem sendo hostilizada pela classe artística e mídia soteropolitana, enquanto reverenciada pelo público e parte da mídia nacional.

Tudo será feito, todas as manobras, para que ela não leve o troféu de música do carnaval para casa, pra o sul da Bahia. Mas, se isso não acontecer, a Metralhadora já é a grande vencedora na preferência do povão. Se a música não tem o nível MPB, é outra estória, com "E" mesmo!

Afinal, a escola tem ensinado isso aí, pois somos o país que acabou de eleger Anita como a melhor cantora de 2015, Ludimila como a revelação da música brasileira e os MCs como os maiores faturadores do mercado musical. E quando isso aconteceu, esses mesmos que fazem duras investidas contra a Metralhadora, ficaram "pianinhos": shiiiiiiiii.....

Lembrei do Colo-Colo e da sua façanha do título baiano com todas as condições adversas. De fato, a cantora nascida em Ilhéus, deixa aquele gostinho de que a revanche aconteceu e de que, pelo menos nesse ano, a vitória foi do interior da Bahia. Essa moça, que deu um "tapa de luva" no "invencionismo" musical da Bahia, é mesmo a nossa VINGADORA, nossa heroína!

"Trá, trá, trá, trá..."!

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O autor Alcides Kruschewsky, ex-secretário de Turismo de Ilhéus, é empresário na cidade.