O que falta para o Salobrinho avançar?

Junio Santos Gomes
Divulgação

Salobrinho (Fazenda Boa Vista) é um bairro/fazenda da cidade de Ilhéus, com aproximadamente 13 mil habitantes, que conta em sua conjuntura política atual com 2 (dois) representantes locais no poder legislativo da cidade. A UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) e a CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) estão situadas dentro do bairro, essa última instituição foi fundamental na formação estrutural do Salobrinho, sendo por muito tempo principal fonte de geração de empregos para a comunidade local, além das duas escolas públicas (Municipal e Estadual) para formação básica de crianças e adolescentes. O bairro ainda dispõe de diversos comércios informais, bem como uma das lojas da rede de supermercados Atacadão que juntamente com a UESC e a CEPLAC absorvem uma boa parcela da mão de obra local.

Uma análise superficial dessas informações nos leva a deduzir que essa condição privilegiada representa progresso e/ou avanços para a comunidade; contudo, o que se observa dentro do bairro Salobrinho, observando-o de forma mais aprofundada, não é nada animador. Um dos primeiros aspectos negativos do bairro é o fato do mesmo ainda ser uma fazenda, pois aos moradores continua estipulada uma taxa de aforamento que é paga anualmente. Essa taxa paga para a União a título de manutenção do uso do imóvel não traz nenhum retorno para a comunidade. Esse é um dos entraves para o crescimento do bairro, pois deixa a comunidade insegura por não se sentir proprietário. Dentre diversos problemas não somos atendidos nas nossas necessidades básicas como saneamento, reparos e obras nas estruturas locais. Setores como saúde, segurança e educação (capacitação e qualificação profissional, biblioteca) dentre outros enfrentamentos que se revelam cotidianamente nessa localidade.

A Associação de Moradores local que em tese deveria lutar junto com a comunidade por melhorias diante do poder público municipal, representa menos de 2% do total de moradores, pois a votação é restrita a cerca de 120 pessoas por conta do seu estatuto ultrapassado, fator que contribui grandemente para que a AMS não seja efetivamente representativa dentro da comunidade, e ainda assim ser considerada perante aos poderes públicos, necessitaria uma compreensão por parte de todos os associados e moradores que a luta pelo poder não significa qualidade de vida para o bairro.

O que de fato se observa no Salobrinho, é a busca incessante pelos interesses individuais por parte da maioria, o que se pode considerar como agravante para essas variadas mazelas locais. O quadro fica pior quando se tenta buscar o apoio da comunidade a fim de concretizar pequenas ações que visem melhorar de alguma forma a situação caótica do bairro, pois nesse contexto não existe cooperação. Alienação, falta de conhecimento básico de seus direitos e leis que regem uma sociedade são fatores que colaboram efetivamente para que a população permaneça submissa a essas problemáticas.

Diante desse quadro negativo e inoperante é importante que os moradores locais, principalmente os mais jovens, tentem reconstruir o Salobrinho na sua estrutura básica, que é o avanço de setores que efetivamente fazem uma população avançar/crescer: segurança, educação e saúde. Quando os olhares se voltam para o coletivo a comunidade se mostra mais unida para conhecer e discutir as questões sociopolíticas do bairro ampliando-a até o município, tornando-se assim, de fato e direito uma comunidade organizada que conscientemente luta por mudanças efetivas. Dessa forma, o Salobrinho tem tudo para avançar nos próximos anos, tornando-se uma comunidade atuante que presencia e orgulha-se pelas mudanças que anseia. AVANCEMOS!

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O autor Junio Santos Gomes é estudante do curso de Ciências Econômicas na UESC