Por onde anda o Reúne Ilhéus? Um dos seus líderes, responde

Shi Mário em tempos do Reúne Ilhéus
Arquivo/JBO/Maurício Maron

O Reúne Ilhéus, movimento estudantil e popular que resistiu por mais de 100 dias à Porta da Prefeitura Municipal, contra o aumento e pela melhoria da qualidade do transporte público de Ilhéus, está vivo. A opinião é do estudante Shi Mário, um dos líderes do histórico movimento que parou a cidade e ganhou contornos de uma das maiores lutas reivindicatórias da história de Ilhéus. Segundo Shi, o fato de o movimento ter tido "livre autonomia e atuação horizontal", tentou-se criar uma idéia de tratava-se de uma "manifestação solta, sem líderes" e que seria mais uma ação de adolescentes que não sabiam o que queriam, do que de jovens preparados para reivindicar os seus direitos. 

"O que a gente não dava era espaço para algumas forças utilizar-se do movimento para suas campanhas eleitorais. É um filho que vários querem ter - inclusive os que negam isso. Basta ver em publicações de Facebook recentes - por sua força junto a população, adquirida por todos aqueles dias de luta que serviram a causa do transporte público, contrários ao aumento de passagem e buscando investigação de tudo que compõe os custos alegados pelas empresas para tão elevado preço de passagem", afirmou.

De acordo com Shi Mário, o movimento teve a coragem de enfrentar "a máfia dos transportes que financia campanhas eleitorais em Ilhéus e região". Mas, e o que mudou? Por que o Reúne Ilhéus sumiu das ruas? Se está vivo, onde está diante do mais recente aumento da tarifa que, com ele, não trouxe as melhorias que serviram de luta do movimento? "Aqueles jovens já estão fazendo outras coisas, estudando nas Universidades, trabalhando para sustentar a família e envolvidos em outros projetos sociais. É preciso novos cidadãos interessados em conscientizar a população e lutar em prol não só de um transporte público de qualidade, mas de uma educação pública de qualidade para todos, uma saúde pública efetiva. Essa reoxigenação é a única coisa que pode manter o movimento vivo", reflete Shi Mário.

Mas uma luta de verdade não se acaba quando seus integrantes ingressam na universidade. Nem tampouco quando casa ou vai trabalhar, questionou o Jornal Bahia Online. "Foi apenas um ato de modismo", provocou. Mário respondeu. "Não se pode afirmar que foi moda, pois o movimento continuou e continua em todos aqueles que continuam lutando contra essas mazelas. Qualquer movimento não precisa ter um nome específico para fins de marketing, precisa ser efetivo. Algumas pessoas que fizeram parte do movimento, como Elisângela do Observatório Social, que fiscaliza as contas e as licitações da prefeitura, Ricardo que faz trabalhos sociais com moradores de rua através do CA de Direito da UESC, Gabriel, Leonardo, Clara, Morgana, Ratinho, Edison, Diego e demais pessoas do Reúne Ilhéus, fazem em suas áreas atividades voluntárias sem utilizar o nome do movimento, pois o mesmo não se institucionalizou".

O que, de fato houve com o movimento, segundo Shi Mário foi um forte desgaste "provocado pela mídia local ligada ao prefeito, que envolve quase todas as rádios e alguns blogs, isso acaba prejudicando a luta destas pessoas", completou. De acordo com Mário, o "movimento está nas ruas, talvez, hoje, com outros nomes". Como exemplo disso, ele cita a luta pela criação de uma Escola de Política, para passar a experiência de tudo que foi vivido neste meio, trazer especialistas e professores para dar cursos voltados para cidadania e sustentabilidade. "A informação é a melhor arma que a população pode dispor neste momento", completou.

"De todo modo é preciso participar e fazer alguma coisa, ficar na apatia e só reclamando nas redes sociais não acrescenta em nada e só ajuda a manter o que está aí", finalizou.