Ruy Póvoas é mesmo (in)crível

O festejado Ruy Póvoas e a ialorixá ilheense Ilza Rodrigues.
VM

 

pense:

"A maior loucura que eu já fiz foi não ter feito a loucura necessária para ser feliz” (Ruy Póvoas

Ruy Póvoas é mesmo (in)crível!

Singular e Plural. Simples e Sofisticado. Popular e Erudito. Prosa e Poesia. Drama e Romance. Senso Comum e Ciência. Casa e Senzala. Terno e Fugaz. Frágil e Forte. Amado e Amado. Ruy Póvoas é mesmo incrível. E crível. Um sujeito que reúne em si tantas oposições, capaz de amealhar o tudo para seguir em direção ao outro. De olhar doce e palavra afável.

E tudo isso tem se resumido ao longo de uma série de eventos realizados para festejar os 70 anos do homem, professor e babalorixá, o escritor Ruy Póvoas, pai e filho, e todos os espíritos de luz. Axé. Há poucos dias, uma densa emoção rolou durante o Colóquio Falando de Ruy Póvoas – Conversas em torno da Vida e da Obra, promovido pelo Káwè Núcleo de Estudos Afro da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, sua segunda casa. Tanta gente, tantos naipes e um só jogo, o do Saber.

No último domingo, no Terreiro de Oxalá, a Associação Santa Cruz do Ijexá (Assancri), presidida por Edivaldo Fadori, promoveu um belo encontro do ciclo de amizades do professor Ruy Póvoas, para festejar seu aniversário e lançar o seu mais recente livro, “Mejigã e o contexto da escravidão”. Mais que uma festa, uma celebração que se estendeu das 11 às 19 horas. Em meio aos cânticos e rufar de tambores, Rui doou abraços e palavras que só ele mesmo sabe ensaiar.

O dia foi feito de declamações e declarações, de muita música, com a banda Manzuá, e homenagens de alegria, harmonia e paz. Acho que Sônia Maron, ao conduzir a homenagem da Alita – Academia de Letras de Itabuna – a um dos seus mais ilustres membros, foi muito feliz ao sintetizar Ruy Póvoas como Mestre da Fraternidade. Na mesma direção atuou o professor André Rosa Ribeiro, ao falar em nome da ALI – Academia de Letras de Ilhéus.

Gente de todos os credos, mães e filhos de santo, acadêmicos e autodidatas, reunidos para dar e receber demonstração de amor fraterno. Prefeitos e vice, reitora e ex-reitoras, professores e alunos, artistas e artesãos, amigos e familiares, foram personagens de um “dia branco” que vai ficar na história. Tudo isso porque a história e estórias de Ruy vão sempre penetrando de forma perene as cores do coração.

Homem que soube construir mais que uma família. Nasceu em Ilhéus, menino do Pontal, e dela saiu para construir cidades, para construir uma nação dentro da Nação Grapiúna. São muitos seus legados, na vida, na comunidade, no terreiro, na resistência, na universidade. Ruy Póvoas pode ser confundido com uma entidade, do tipo Valdelice Pinheiro, filósofa, professora e poeta. Uma dessas joias raras que se perpetuaram na UESC, e que vêm desde o nascedouro, a FESPI. É isso mesmo, Ruy faz aniversário pra gente ficar feliz!